Antonio
era o segundo filho de Sebastião e Matilde e Onofre o mais velho. Os quatro
formavam uma família Humilde, porém unidos e felizes e por mais limitada que
estivessem às finanças da casa sempre sobrava algum para fazer um churrasco, cenário
de todas as comemorações de batizado a casamento passando até por velório, como
aconteceu por ocasião da morte da mãe de Matilde quando fizeram um
churrasquinho em homenagem a pobre velha que partiu dessa para melhor. Sebastião
era pedreiro e Matilde faxineira. Moravam em um subúrbio na periferia do Rio de
Janeiro e todos os dias enfrentavam horas para chegar aos respectivos trabalhos
que ficavam na Zona Sul da cidade. Sebastião trabalhava fazendo consertos em
prédios de Ipanema e Matilde faxinas em Copacabana. Sebastião, ou Tião, como
era conhecido por todos, não cansava de falar que um dia ainda iria morar de
frente para o mar de Ipanema. Porém, Sebastião não tinha o menor apoio de
Matilde que achava que o marido não passava de um sonhador e vivia fora da sua
realidade. - Homem pare com essa besteira
de ficar sonhando que vai ficar rico! Você não vê que isso pode ser um mau
exemplo para as crianças que estão crescendo vendo pai vivendo um sonho
impossível? E Sebastião retrucava: – Matilde, eu ainda vou enricar e aí nós vamos mudar para Ipanema! Você
vai ver! E quando esse dia chegar vou fazer o maior churrasco da história! Vou
mandar matar um boi inteiro! O tema fazia parte da vida da família e Antonio
passava seus dias, junto com o irmão, ouvindo o sonho do pai e as recriminações
da mãe.
E assim a vida seguiu com os filhos crescendo, os pais envelhecendo e
nada da tão almejada riqueza, por parte do patriarca da família, chegar. Mas
Sebastião não esmorecia jogava toda semana, mesmo debaixo das criticas
constantes da mulher, e enquanto não ficava rico ia fazendo seu churrasquinho,
na churrasqueira feita de tijolos na laje da casa, mesmo que só de asa e
coração de frango quando a grana estava curta, para celebrar as datas especiais
da família, o que era apreciado por todos que adoravam qualquer oportunidade
para comemorar.
Antonio,
diferente do irmão, não quis saber de estudar e se juntou ao pai na profissão
de pedreiro e com o tempo passou a dividir com ele o sonho de ficar rico e
morar na Zona Sul. Os dois formaram uma dupla nos jogos semanais, o que foi duramente
criticado por Matilde que acusava o marido de não estar contribuindo para o
futuro do filho. – Mas era só essa que me
faltava Tião! Você agora não se satisfaz mais sozinho na sua falta de juízo de
alimentar essa ideia maluca de ficar rico e está enfiando o menino na sua
loucura! Você devia era incentivá-lo a estudar para virar doutor como o irmão e
não fazer o pobrezinho ficar sonhando com o impossível! Matilde não se
conformava, mas Sebastião não se abalava, muito pelo contrario, ficava feliz
por ter no filho um aliado em seu sonho de enricar e tentava acalmar a mulher. – Mas Matilde, que culpa que eu tenho se o Antonio
não quis estudar? Eu nunca falei para ele sair da escola, foi ele que quis
largar os estudos e vir trabalhar comigo. Ele puxou a mim, acredita que a
agente ainda vai ficar rico! Mas o discurso em nada convencia Matilde que
não se conformava. Sua esperança estava no filho mais velho, Onofre, que
diferente do irmão sempre gostou de estudar e foi com muito empenho, dedicação
e ajuda de alguns dos patrões da mãe, que sempre lhe davam os livros usados
pelos filhos tendo um deles até pagou um curso de reforço para ele por ocasião
do vestibular, que conseguiu entrar para uma faculdade publica e estava fazendo
direito para em breve se tornar advogado. Matilde não cabia em si de tanto
orgulho quando pensava que pelo menos um de seus filhos iria realizar seu sonho
de se tornar doutor.
Onofre
já estava no último ano da faculdade e Antonio cada vez mais adaptado a
profissão escolhida de pedreiro, os dois eram muito amigos, só não comungavam
da forma de vida escolhida um do outro e Onofre tentava convencer o irmão a mudar.
– Antonio, meu irmão, você não deveria desperdiçar
sua vida atrás dessas loucuras do papai. Você precisa estudar mano. A mãe tem
razão... Mas não adiantava Antonio cada vez mais estava certo de que o pai é
que tinha razão e seguia feliz no caminho traço de perseguir a sorte.
Era
final de tarde de uma sexta feira, Antonio e Sebastião estavam exaustos após o
termino de mais uma semana de trabalho. Os dois estavam a caminho de casa quase
que dormindo dentro do ônibus, parado no já conhecido engarrafamento, quando o
pai perguntou ao filho a respeito da conferencia do jogo da semana: –
Antonio, meu filho, você conferiu nosso jogo desta semana? Antonio que
estava todo caído no banco com a cabeça encostada na janela respondeu
calmamente que não sem dar muita importância e Sebastião se irritou com ele. – Mas menino! Você não pode se esquecer de
fazer essa conferencia! Vai que a gente ganha e não vê! Já pensou nisso? Tem
que verificar, não pode esquecer de jeito nenhum! Na nossa parceria eu sou o responsável
por fazer o jogo e você de conferir, esqueceu?! Sebastião falou tanto e realmente parecia nervoso, o que
levou Antonio a despertar de sua preguiça e tentar acalma-lo. – Pai, calma!
Nossa para que isso tudo? Quando a gente chegar eu passo na loteria e vou ver.
Mas a gente não ganhou não... Aí foi que Sebastião se enraiveceu mesmo. – Não fala isso menino que dá azar! Ou
você acredita ou não te quero mais como meu parceiro de jogo! Isso é uma coisa
seria, é o sonho da minha vida! A partir de hoje eu mesmo vou passar a conferir
os jogos. Sebastião foi falando sem parar e Antonio se desculpando tentando
acalmar o pai que estava ansioso para chegar à loteria e conferir o bendito
jogo. Assim que desceu do ônibus, após um tempo que pareceu interminável dado
ao seu estado de aflição, Sebastião partiu em direção a lotérica que ficava no
final da rua. – Deixa pai que eu vejo o
resultado na Internet, melhor a gente ir para casa que a mãe já deve estar com
a janta na mesa esperando... Antonio tentou convencer o pai, mas foi em
vão. – De jeito nenhum! Se você quiser pode
ir para casa, mas eu vou lá conferir esse jogo olhando número por número! Você
é muito displicente, não posso mais deixar essa tarefa de tanta importância com
você não. Vai saber se você já não se esqueceu de conferir alguma outra semana
e a agente ganhou e nem ficou sabendo... Não, não eu vou lá sim ver com meus
olhos e ao vivo e não quero saber dessa coisa de internet não. E os dois
seguiram discutindo pelas ruas até chegarem à loteria que já estava fechando,
Antonio ficou na porta, mas Sebastião correu e entrou sobre o protesto de
Turino, o dono da loja. – Ei, ei... Já
estamos fechando, por favor! Agora só amanhã! Sebastião pediu desculpas e
entrou pela loja adentro dizendo que seria breve que era só para conferir o
jogo da semana e foi direto ver o resultado preso na parede. Sebastião foi
vendo número após número e o coração batia mais forte a cada um que verificava
que havia acertado, quando terminou estava ajoelhado no chão chorando sem
conseguir falar, o que acabou por chamar a atenção do dono da loja e de
Antonio, que correram para junto dele. – Pai!
Oh pai, fala comigo o que foi que houve? Não fica assim não, agente não ganhou
não foi? Mas tudo bem, o senhor já devia estar acostumado com isso, toda semana
é a mesma coisa, a gente joga e não ganha, mas um dia a gente vai ganhar o
senhor vai ver... Antonio ia falando
sem entender o porquê daquele desespero, achando que o pai estava triste por
mais uma vez não ter acertado a loteria, quando Sebastião se levantou de um
pulo e deu um grito. – Nós ganhamos! Ganhamos! Antonio olhou
para pai sem acreditar no que ouvia e saiu atrás dele que foi correndo e
gritando pelas ruas até em casa surpreendendo a mulher que levou um baita susto
ao vê-lo chegar tão exaltado a segurando pela cintura fazendo-a girar. – Ai homem, o que é isso? Que susto! - Nós
ganhamos Matilde! Ganhamos! Nós estamos ricos! Ricos! Sebastião falava
entre lágrimas de emoção.
A
casa ficou em festa por vários dias. Sebastião e Antonio abandonaram o trabalho
para pesar de Matilde que achava que os dois poderiam ter seu próprio negocio
ao invés ficarem prestando serviço aqui e ali para os outros, mas nunca deixar
de trabalhar, mas não adiantou os sermões, pai e filho não queriam mais saber
de fazer nada, ela por sua vez tratou de abriu uma pequena empresa de prestação
de serviço de limpeza e atendia os patrões para os quais trabalhou durante seu
período de faxineira. Onofre, apesar de ter gostado muito de a família ter
ficado rica, em nada se afastou de seus estudos para se formar e deu seguimento
a sua vida normalmente.
Sebastião
finalmente pode comprar um apartamento em Ipanema, como era seu sonho, uma
cobertura, que apesar de não ser de frente para o mar, como era seu desejo
inicial, agradou a todos.
A
princípio Sebastião bateu pé firme e só queria apartamento de frente para o
mar, mas depois cedeu aos apelos da mulher que alegou que morar na rua da praia
teria muito barulho, que a janela não poderia ficar aberta por causa da areia,
que tinha muito vendo e outras tantas coisas que acabaram por convencer o
marido a comprar em outra rua, com tanto que desse para ver o mar, mesmo que
fosse de lado e assim aconteceu. – É...
Dá para ver o mar daqui tá bom! Negocio fechado vamos comprar. E assim
começava a nova fase da família de Sebastião.
Era
realmente um ótimo apartamento, uma cobertura de três suítes, sala ampla,
cozinha grande, para alegria de Matilde, dois banheiros sociais e uma área
externa, onde tinha uma pequena piscina e um bom espaço disponível, onde
Sebastião, ajudado por Antonio, construiu uma super churrasqueira para
completar a satisfação da família. Agora só faltava fazer a inauguração do
apartamento e mudar.
- Matilde, agora nossa cobertura tá
completa! Vamos organizar o maior churrasco que essa Zona Sul já viu para
inaugurar a nossa cobertura! Esse prédio nunca viu nada igual... - Mas Sebastião, Sebastião... Não sei
não, você não acha que essa churrasqueira ficou grande demais? Será que
pode? Olha que isso aqui não é o quintal
da casa que a gente tinha lá no subúrbio não. Acho que era melhor você chamar
alguém para dar uma olhada nessa geringonça antes de usar...
- Eu hem Matilde! Então eu não sei
fazer uma churrasqueira? Tá maluca mulher? Eu passei a vida fazendo obra na
casa dos outros e não ia saber fazer uma simples churrasqueira na minha própria
casa? Eu não vou chamar ninguém para ver
nada, eu vou é fazer uma festança daquelas e chamar todo mundo lá do subúrbio
para conhecer a nossa mansão! Deixa de bestagem que eu sei o que estou fazendo,
vê se relaxa!
Matilde,
mesmo dando o contra, passou a semana junto com Sebastião organizando os
preparativos para o churrasco comemorativo. E no dia marcado lá estava a
família reunida na ampla cobertura para receber os convidados. – Nossa Matilde, não tô nem acreditando,
parece um sonho! Agora sim teremos um churrasco de bacana, bem diferente daqueles
em cima dos tijolos que a gente armava lá na laje, lembra? Hoje carne não vai
ser problema, vai ter pra todo mundo comer até encher o bucho. Os tempos de
dureza, quando só dava para fazer churrasco de asa e coração de frango,
acabaram! Sebastião estava eufórico e Matilde apesar da preocupação com o
tamanho da churrasqueira, que achava exagerado, resolveu parar de falar para
que o marido não dissesse que ela era estraga prazer e foi receber os
convidados deixando os homens da família tratando de começar o bendito
churrasco.
Os
amigos do subúrbio começaram a chegar e não tinha quem não ficasse encantado
com a cobertura da família de Sebastião. -
Nossa isso é que é casa! Era a voz corrente entre os presentes. A festa
corria solta, muita carne, cerveja gelada, musica tocando, tudo como planejado pelo
novo milionário da cidade que não cabia em si de tanta felicidade. Todos
estavam se divertindo, até Matilde, parecia ter esquecido suas preocupações e
aproveitava a festa. Só Antonio sentia-se inquieto com o fato que começou a
notar em relação à quantidade de fumaça que saia da churrasqueira que achou
fora do normal e tratou logo de chamar o pai para verificar, mas de nada adiantou.
– Pai eu acho que tem algo errado... Tem
muita fumaça na churrasqueira... Eu nunca vi um churrasco fazer tanta fumaça
assim. Melhor ir dar uma olhada. Mas Sebastião não deu a menor importância. –
Que nada meu filho! Isso é por causa do tamanho da churrasqueira, essa belezura
que a gente fez. É que você tá acostumado com aquele churrasquinho que a gente
fazia lá na laje em cima dos tijolos... Relaxa e vem aproveitar a festa! Nós
agora somos bacanas! E churrasco de gente bacana é assim mesmo tem tudo muito,
até a fumaça. Antonio não se
convenceu com a explicação do pai e foi falar com a mãe e com o irmão, sobre
sua intranquilidade, e os três resolveram ir dar uma olhada na churrasqueira e
começaram a abanar para ver se a fumaça diminuía, mas o efeito foi ao contrário
do esperado e a cobertura ficou parecendo que estava dentro de uma nuvem negra.
Os convidados, já entregues ao efeito da cerveja, estavam como Sebastião: sem
dar a menor importância a fumaça e só queriam saber de comer, beber e dançar.
Em
quanto isso na portaria do prédio...
- Tá pegando fogo sim na cobertura, dá
para ver da rua! Temos que chamar os bombeiros! Falava
exaltado um morador que estava caminhando pela praia e teve a atenção voltada
para os rolos de fumaça que subiam da cobertura. E logo mais moradores se juntaram na portaria, uns achando que
era incêndio, outros que era churrasco e a confusão estava formada até que veio
o sindico aumentar a dúvida quanto ao fogo. – Não adianta. Eu já cansei de tocar a
campainha, quase derrubei a porta de tanto bater, mas ninguém atende. Ou é por
causa do som que está nas alturas, que ninguém me escutou, ou estão todos
queimados lá dentro! Só pode ser incêndio, não é possível que seja um simples
churrasco! Tenho que tomar uma providencia! Vou chamar os bombeiros antes que
pegue fogo no prédio todo! E assim
aconteceu, o sindico chamou os bombeiros que chegaram de imediato e fazendo uso
da escada magirus rapidamente estavam dentro da cobertura. Era bombeiro para
tudo quanto era lado, entraram pela frente pelo lado, parecia uma operação de
guerra com homens armados com mangueiras de água que funcionaram como armas
assustando a todos e em minutos tudo já estava terminado. A churrasqueira
completamente alagada e todos os convidados e os donos da casa jogados no chão
na tentativa de se protegerem do que parecia ser um atentado terrorista. O
Sindico entrou pela porta, que foi aberta por um dos bombeiros, acompanhado por
alguns moradores para ver o que de fato estava acontecendo e deu de cara com
Sebastião que se levantava do chão com um espeto de carne na mão completamente
molhado e assustado. – Nossa! Mas o que
foi que houve aqui? Eu cheguei a pensar que vocês estavam mortos, queimados
aqui dentro! Perguntava o sindico a Sebastião, que sem dar a menor atenção,
só conseguia pensar em sua obra de arte, a churrasqueira e ficou a olha-la com
pesar e começou a indagar os bombeiros do porque haviam feito aquilo. – Mas o que vocês fizeram? Acabaram com o
meu churrasco... Olha só pra isso! Minha churrasqueira virou um lago! Nunca
mais vai funcionar!... Os convidados, ajudados pelos bombeiros, foram
levantando e saindo sem entender o que de fato havia se passado. Matilde e os
filhos correram para junto de Sebastião que estava desolado ajoelhado do lado
da churrasqueira. O sindico, mais uma vez, tentou se apresentar e explicar o porquê
tomou aquela atitude, mas mediante a falta de atenção recebida resolveu se
retirar, sendo seguido pelos demais moradores que e pelos
bombeiros e a família ficou sozinha na sua cobertura alagada. Matilde, Antonio
e Onofre, após algum tempo, conseguiram levar Sebastião para dentro e fazê-lo
tomar um banho quente e colocá-lo na cama.
Na
manhã seguinte quando Sebastião acordou, chamou a mulher e os filhos para uma
conversa. – Tenho algo muito importante
para falar com vocês. Passei a noite
praticamente sem dormir pensando muito e tomei uma decisão. Acho que devemos
voltar para casa... Onofre interrompeu o pai questionando o que ele estava
dizendo. – Como assim voltar para casa
pai? A gente agora mora aqui. Sebastião parecia calmo, bem diferente do dia
anterior e explicou o que estava querendo dizer. – Eu sei filho que a gente agora mora aqui, mas aqui não é o nosso
lugar. O que estou querendo dizer é que devemos voltar para o nosso subúrbio,
para nossa gente. Agora temos dinheiro, não precisamos voltar a morar naquela
casinha pequena de antes, não. Podemos construir uma casa grande, com tudo que
tem direito, até maior do que essa cobertura aqui. Agora foi a vez de
Antonio questionar o pai. – Mas pai e o
mar de Ipanema que o senhor gosta tanto? Isso não vai dar para fazer. Sebastião
riu e como que respondendo a uma criança passou a mão pela cabeça do filho e
disse: - Ah... filho, a gente vai fazer
uma super piscina, daquelas bem grandes que a gente vê nas casas dos ricos das
novelas. Vai ficar uma belezura, você vai ver! E é claro que não vai faltar a
nossa churrasqueira, vou fazer uma
maior do que essa aqui! E o dialogo
entre os dois continuou, pois mesmo gostando da ideia, Antonio ainda não estava
acreditando muito em tamanha mudança. - E
o que a gente vai fazer com esse apartamentão aqui? Perguntou o filho e o
pai respondeu – Sei lá filho! Talvez a
gente possa vender... Não! Já sei: aqui vai ser a nossa casa de praia! Afinal
nos somos bacanas e bacanas tem casa de praia ora! Não tem? E todos riram
de cair no chão com uma grande satisfação. Afinal a decisão de Sebastião de
voltar para o subúrbio era o que todos no fundo realmente queriam. Matilde
levantou e abraçou o marido – Ah homem
você é maluco mesmo, mas desta vez eu concordo com você! Aqui não é mesmo o
nosso lugar, vamos voltar para o nosso subúrbio. Mas nada dessa loucura de sair
construindo piscina e churrasqueira gigante, nada de exageros. E os quatros
ficaram conversando sobre o projeto da obra da nova casa, discutindo os
detalhes já em estado de mudança.
Sebastião,
desta vez não se colocou a fazer nada, agiu somente como dono da obra, só na
supervisão. Comprou um amplo terreno, contratou os melhores profissionais e
mandou construir uma bela propriedade com tudo o que tinha direito, piscina,
quadra de vôlei, de tênis, campo de futebol, sala de ginástica, sauna e é claro
uma churrasqueira de causar inveja a qualquer churrascaria. Sem falar na casa
em si que ficou um luxo só. Com mais cômodos do que eles teriam tempo de usar,
mas que com certeza deixaria a família feliz.
A
festa de inauguração, como não poderia deixar ser, foi um belo e farto
churrasco para todos os amigos, parentes e vizinhos, inclusive os da cobertura
de Ipanema, que compareceram em peso e se deliciaram com a festança. - Ah o povo aqui é que sabe se divertir! Isso
é que é festa! Dizia o sindico do
prédio, onde a família morou na Zona Sul, erguendo um grande copo de cerveja e
dançando ao som do pagode que tocava nas alturas.
A
festa foi até de manha e acabou com todos mergulhando na piscina e saldando o
sol que nascia a todo vapor como que dando as boas vindas ao retorno da família
ao lar suburbano que os recebeu de braços abertos.
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